quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Vou Vivendo


A vida é cheia de separações e mesmo sabendo disso, tento esquecer que um dia todos nós nos separaremos. Quero ser apenas realista e tentar lembrar, mesmo que viva me esquecendo, que não posso me apegar. Mas como conseguir exercitar a entrega e ao mesmo tempo ficar desapegada das situações? Outro dia uma amiga falou que eu parecia um rio, minhas águas se renovavam e eu continuava no meu percurso, inabalável. Fiquei lisonjeada, e confesso que tento sim ser assim, mas é preciso ter muita coragem para entender o que se passa lá dentro e realmente seguir em frente. Aliás, coragem, significa seguir a voz do coração. E para escutar essa música é preciso de silêncio e paz. Algumas pessoas rezam, outras meditam e assim entram em contato com a alma e vão entendendo as próprias lágrimas, o brilho nos olhos, os lábios sorrindo e discernindo o que as leva sentir cada emoção. E é assim que vou vivendo, procurando sentir, respirar e principalmente tentando decifrar os enigmas do meu coração.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A felicidade é o caminho



Frustração. Para mim essa é uma das palavras mais assustadoras do vocabulário. Nem tanto pela fonética, mais pela semântica mesmo. Certa vez estava na aula de balé e não conseguia fazer um passo de jeito nenhum. Fiquei irritada, desisti e num ataque de criança mimada sentei no chão. Meu professor falou bem alto: “- Aline encare a sua frustração!”. Que frase mágica essa. Na mesma hora levantei, sacudi a poeira, voltei a dançar e no final aprendi o exercício.

Graças a deus existem pessoas, que às vezes são como anjos que nos dizem frases preciosas que guardamos no bolso para usarmos quando não admitimos errar, perder ou sofrer .Outra que adoro é “O que resiste, persiste”. Essa aprendi com a minha terapeuta. Funciona assim: quando você está triste e quer fugir desse sentimento, faça exatamente o contrário, não resista, que imediatamente a dor vai ficar menor. Acreditem, funciona.


Estou selecionando, ao longo da vida, dicas de auto ajuda que me iluminam em momentos difíceis. Pode parecer brega, sei que muitos tem esse preconceito, mas de fato elas me ajudam a crescer e ser uma pessoa melhor.


Para terminar gostaria de relatar a experiência que tive mês passado. Fiz um curso de meditação com uns indianos e eles reforçaram a importância de estarmos dando 100% do nosso potencial em todas as ações do dia à dia. Isso nos coloca no momento presente e nos faz lembrar de que não existe caminho para felicidade, como dizia Gandi, a felicidade é o caminho.
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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

De mãos dadas com o tempo



"Agora chego aos 90 .... Essa coisa de viver mais é uma novidade bonita da ciência. A quarta idade é uma nova versão de vida. Posso estar caminhando para o fim, mas tá bonito... Da mesma forma em que acredito no mar, acredito muito no tempo, tem até um orixá que leva seu nome".
Dorival Caymmi

Temos que ser amigos do tempo. Saborear o momento presente e se entregar nos seus braços. Por isso é que eu só bebo água da nascente e meu guia é o clarão de lua crescente, pegando emprestada para ser lema da minha vida a poesia do grande compositor baiano Roque Ferreira. Ser amigo do tempo é saber viver com apreciação, agradecendo todos os segundos e entender que somos sim grandes responsáveis pela sucessão de acontecimentos que ocorrem na nossa caminhada. O TEMPO não é algo que podemos controlar. Ele nos preenche com a mesma facilidade que nos solta para sabe lá deus aonde. E é com a sabedoria de Dorival que pretendo seguir: de mãos dadas com o tempo, respeitando e louvando esse sopro divino que nos faz crescer, sofrer, amar e morrer.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Quisas Quisas Quisas





Sábado, dia 9 de agosto, estava dentro do metrô, quando de repente um casal de velinhos entrou na estação Largo do Machado. Uma gentil moça que estava sentada cedeu sua cadeira para o senhor de mais ou menos 80 anos. Ele com um senso de humor invejável começou a falar que achava essa ação um insulto, pois estava sendo chamado de velho. Eu bati em seu ombro e ratifiquei suas palavras. Foi então que comecei a conhecer um pouquinho da vida do Jair e da Nena. Soube que eles tinham se conhecido num baile no centro da cidade, há 50 anos atrás e que estava tocando o delicioso bolero “Quisas, Quisas, Quisas”. Como tudo na vida “quisas” pode acontecer. Eles dançaram, sorriram e nunca mais se separaram. Tiveram filhos, netos, passaram por problemas, muitas alegrias, mas o mais impressionante e bonito de ver era a expressão de admiração de ambos, o carinho e respeito mútuo daqueles amantes que não perderam depois de tanto tempo, “aquele” brilho nos olhos. As experiências dos dois eram inúmeras: soube que o Jair chegou a salvar uma tripulação inteira na segunda guerra mundial. Que já tinha andado em camelos e conhecia o deserto de Saara. Nena mais assanhada me confidenciou que homem como aquele na cama não existia. É MOLE? E que foi lá que ele a conquistou. Nesse momento Jair a interrompeu, falou que ela não devia fazer essa propaganda para as mulheres e perguntou se não estavam perto do ponto.

Nena estava tão entusiasmada com o papo que realmente acabou passando da estação.
O tempo parou para eu poder ouvir aquelas deliciosas estórias. E quando eles saíram do metro tive a certeza que a vida é cheia de aventuras, de gente que é de verdade, que se emociona e que tem estórias para contar. Fiquei rindo sozinha, agradecendo a oportunidade que eles me deram de reforçar o valor da vida e principalmente de confirmar a importância de aproveitá-la do lado de quem nos quer muito bem.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O que é que esse baiano tem?

Do baiano que vou me referir sou fã de carteirinha. Desses que gostaria muito de ter o prazer de conhecer, abraçar e fotografar. Sua voz aveludada, que tem um charme e uma sedução própria, suas melodias que lembram o som das águas do mar e suas letras cheias de balangandãs fazem um carinho em minha alma. Gostaria de voltar ao tempo e ter a chance de escutar uma serenata do mulato mais charmoso que já vi, me requebrar toda e cair por cima dele. E o papelão da Anália? Não vou perdoá-la nunca por não ter ido se encontrar com Dorival em Maracangalia.

Certa vez fiz uma pesquisa no Museu da Imagem e do Som sobre este grande poeta e não tive escapatória: fiquei completamente apaixonada por ele. Sua simpatia e talento encantam qualquer mortal e além do mais, escutar sua entrevista é ter uma aula de viver com qualidade. Dorival sempre fez o que gostava. Foi pescador, cantor, músico, compositor, preservando e enaltecendo sempre suas raízes e sua maneira simples de ser. Não me canso de cantar e escutar Dorival Caymmi. E esse papo todo me deu uma saudade. Ai que saudade que eu tenho da Bahia!