Jongo e muito axé
Sábado, dia 17, presenciei um maravilhoso espetáculo: o jongo da Serrinha. A Lua estava cheia, a fogueira bem quentinha e o lugar com muito axé. É impressionante como esse batuque encantado entra pelos nossos poros e nos faz lembrar de nossos ancestrais. Sim, pois o povo brasileiro é feito de misturas e então me sinto um pouco negra, índia, amarela, branca....
Voltando para o assunto. A música tocava, os dançarinos e cantores se mexiam como o balanço do fogo e alguma coisa de misterioso acontecia. Entrei na roda e puxada pelo sorriso de uma linda integrante do grupo, não conseguia parar de ficar feliz. Depois teve a apresentação do grupo de samba “Feijão de Corda”, com participação do lendário Wilson Moreira. O alto nível dos músicos e o belíssimo repertório tirou todo mundo das cadeiras e completou aquela noite que carregou todas as minhas energias. Isso tudo aconteceu em Itaipu, na casa de Jorge. Um lugar muito simpático onde todos os santos, orixás e anjos são bem recebidos.
Um pouco de Jongo
Para os antigos, considerado a “dança das almas”, o jongo chegou no Brasil, na região sudeste, junto com a escravidão e com os negros Bantu, seqüestrados nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, na região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.
Com o jongo os negros se encontravam, cantavam, rezavam, dançavam, exorcizavam seus medos e injustiças e também se comunicavam através de cantos enigmáticos em linguagem cifrada e muita improvisação.
No Rio de Janeiro, a região compreendida pelos bairros de Madureira e Oswaldo Cruz, já nos anos imediatamente posteriores à abolição da escravatura, centralizou durante muito tempo a prática desta manifestação na zona rural da antiga Corte Imperial, atraindo um grande número de migrantes ex-escravos, oriundos das fazendas de café do Vale do Paraíba. Entre os precursores da implantação do Jongo nesta área se destacaram a ex-escrava, Maria Teresa dos Santos e muitos de seus parentes além de diversos vizinhos da comunidade, entre os quais Mano Elói (Eloy Anthero Dias), Sebastião Mulequinho, Tia Eulália e Mestre Darcy. Todos eles intimamente ligados a fundação da Escola de Samba Império Serrano, sediada no Morro da Serrinha
Um pouco sobre mestre Darcy
Não tive o prazer de conhecer mestre Darcy pessoalmente. Mas numa pesquisa que fiz no Museu do Folclore, para o documentário da talentosa diretora, Bia Paiva, “A Dama e o Jongo”, me emocionei com a presença e o carisma deste homem que para salvar sua cultura, introduziu instrumentos de harmonia no ritmo, que até então era apenas percussivo e ensinou a dança para as crianças e levou o jongo para os palcos de teatros do Brasil e do exterior. Fundou o grupo Jongo da Serrinha com o objetivo de retomar, dinamizar e divulgar a tradição. Para alguns, quebrou tabus e salvou o jongo do esquecimento; para outros, violou de forma irreversível a tradição.
Mais do que qualquer outra coisa, porém, Mestre Darcy se destacou como um tremendo militante da cultura afro-brasileira. Salve Mestre Darcy, filho de Pedro Monteiro e da mãe-de-santo e jongueira, Vovó Maria Joana Rezadeira e tia Maria, que junto com o Jongo da Serrinha continua distribuindo energia para muita gente. Salve!
Sábado, dia 17, presenciei um maravilhoso espetáculo: o jongo da Serrinha. A Lua estava cheia, a fogueira bem quentinha e o lugar com muito axé. É impressionante como esse batuque encantado entra pelos nossos poros e nos faz lembrar de nossos ancestrais. Sim, pois o povo brasileiro é feito de misturas e então me sinto um pouco negra, índia, amarela, branca....
Voltando para o assunto. A música tocava, os dançarinos e cantores se mexiam como o balanço do fogo e alguma coisa de misterioso acontecia. Entrei na roda e puxada pelo sorriso de uma linda integrante do grupo, não conseguia parar de ficar feliz. Depois teve a apresentação do grupo de samba “Feijão de Corda”, com participação do lendário Wilson Moreira. O alto nível dos músicos e o belíssimo repertório tirou todo mundo das cadeiras e completou aquela noite que carregou todas as minhas energias. Isso tudo aconteceu em Itaipu, na casa de Jorge. Um lugar muito simpático onde todos os santos, orixás e anjos são bem recebidos.
Um pouco de Jongo
Para os antigos, considerado a “dança das almas”, o jongo chegou no Brasil, na região sudeste, junto com a escravidão e com os negros Bantu, seqüestrados nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, na região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.
Com o jongo os negros se encontravam, cantavam, rezavam, dançavam, exorcizavam seus medos e injustiças e também se comunicavam através de cantos enigmáticos em linguagem cifrada e muita improvisação.
No Rio de Janeiro, a região compreendida pelos bairros de Madureira e Oswaldo Cruz, já nos anos imediatamente posteriores à abolição da escravatura, centralizou durante muito tempo a prática desta manifestação na zona rural da antiga Corte Imperial, atraindo um grande número de migrantes ex-escravos, oriundos das fazendas de café do Vale do Paraíba. Entre os precursores da implantação do Jongo nesta área se destacaram a ex-escrava, Maria Teresa dos Santos e muitos de seus parentes além de diversos vizinhos da comunidade, entre os quais Mano Elói (Eloy Anthero Dias), Sebastião Mulequinho, Tia Eulália e Mestre Darcy. Todos eles intimamente ligados a fundação da Escola de Samba Império Serrano, sediada no Morro da Serrinha
Um pouco sobre mestre Darcy
Não tive o prazer de conhecer mestre Darcy pessoalmente. Mas numa pesquisa que fiz no Museu do Folclore, para o documentário da talentosa diretora, Bia Paiva, “A Dama e o Jongo”, me emocionei com a presença e o carisma deste homem que para salvar sua cultura, introduziu instrumentos de harmonia no ritmo, que até então era apenas percussivo e ensinou a dança para as crianças e levou o jongo para os palcos de teatros do Brasil e do exterior. Fundou o grupo Jongo da Serrinha com o objetivo de retomar, dinamizar e divulgar a tradição. Para alguns, quebrou tabus e salvou o jongo do esquecimento; para outros, violou de forma irreversível a tradição.
Mais do que qualquer outra coisa, porém, Mestre Darcy se destacou como um tremendo militante da cultura afro-brasileira. Salve Mestre Darcy, filho de Pedro Monteiro e da mãe-de-santo e jongueira, Vovó Maria Joana Rezadeira e tia Maria, que junto com o Jongo da Serrinha continua distribuindo energia para muita gente. Salve!
2 comentários:
Legal. É isso aí. Buscar as origens; se comunicar, se contagiar e se entusiasmar nos faz sentir unos com todos. Essa perda de identidade e conquista de coletividade nos permite que nos reencontremos e nos reconhecemos como gente.
Linda, muito bom como tudo que você escreve. Pena que eu não fui.
Bjocas da July
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