Não sei se vocês lembram de mim, o fato é que nunca esqueci de vocês.
Jandira, mulher guerreira, mãe, feiticeira. Que saudade que sinto de seus olhos doces de Capitu que mudam de intenção, assim como as águas do mar.
Altamiro, homem da terra, sábio, cheio de estórias para contar. Com a ingenuidade de uma criança e com a determinação de um gigante defende com unhas e dentes o seu lugar.
Cacaio, você tem uma risada contagiante e o dom da alegria. Não perca nunca esse seu jeito de moleque e essa energia boa de paz
Alef, meu companheiro. Nos momentos que mais precisei você estava ao meu lado tirando gargalhadas da minha boca. Lembro com clareza das guerras de canoa, em que você não admitindo perder me tacava xixi, das árvores que subi repletas de formigas, das baratas embrulhadas em folhas que jogava na minha barraca, da pedrinha da sorte que me presenteou, dos mergulhos em busca das estrelas do mar, das caças aos pitus nas cachoeiras.
Viver um pouquinho ai nessa terrinha abençoada me fez uma pessoa mais forte.
Comer abacaxi da terra, sentir o adocicado da cana, tomar banho de noite no rio, enxergar com a luz da lua, contar as estrelas, correr das jaguatiricas, não temer a chuva, respeitar o azul, brincar com os plânctons, seguir os vaga lumes, andar com os pés no chão e principalmente ser reconhecida pelo que sou. Tudo isso foi muito precioso para mim.
Minha vida ficou com mais sal, brilho, confiança nos meus sentidos e sentimentos.
Todos vocês são muito especiais.
Muito obrigada por tudo. Um beijo com gosto de mar.